quinta-feira, 31 de maio de 2012

De Gestor a Político

O homem é politico por natureza. Alguns desenvolvem tanto essa habilidade que passam a exercer cargos públicos. Outros estão no lugar certo, na hora certa e fazendo a coisa certa.

João da Costa estava no lugar certo, na hora certa e fazendo o seu trabalho certo - e isso pesou para que fosse escolhido candidato à eleição municipal de 2008 pelo então prefeito João Paulo, em 2006. Nesse mesmo ano, o então secretário, administrador/gestor excelente, fora eleito deputado estadual.

João Paulo desafiou toda a cúpula do PT, inclusive o então Presidente Lula, e elegeu João da Costa. Ainda no primeiro ano de gestão, rompeu politicamente com o eleito. Assim, o prefeito teve que buscar o apoio da cúpula para fazer as mudanças necessárias e seguir governando a cidade - buscou e conseguiu.

Em 2010, João Paulo foi eleito o 3º deputado federal mais votado de Pernambuco (depois de Ana Arraes e Eduardo da Fonte), sendo o mais votado do PT.

As críticas à gestão, que já eram grandes, aumentaram. Conspiradores imaginavam que todas partiam do adversário político do prefeito, recém instalado em Brasília. Porém, com rejeição demonstrada em pesquisas, era capaz de não ser reeleito, o que o fez passar boa parte do começo de 2012 em penumbra política.

Ressurgiu quando apareceu uma movimentação dentro do PT com o intuito de indicar outro quadro do partido à candidatura. Pouco depois surgiria Maurício Rands, deputado federal licenciado e secretário do governo estadual, como postulante à candidatura do PT á Prefeitura do Recife, apoiado por Humberto Costa e João Paulo.

No dia da prévia, depois de uma intensa disputa judicial acerca dos filiados votantes, João da Costa venceu - mas a prévia foi anulada e uma nova foi marcada. Porém, depois do desgaste da 1ª prévia, o PT Nacional achou por bem sugerir aos postulantes desistirem em prol de um tertius, o senador Humberto Costa. Voltaram confiantes em continuar com a prévia, mas Maurício Rands desistiu em favor do terceiro nome.

A pressão toda se voltou ao prefeito. O acordo com a Executiva Nacional consistia em renunciar à realização das prévias e à candidatura à reeleição. Consultada a base e os aliados, o prefeito reivindica a homologação do resultado da prévia e resiste como candidato à reeleição, correndo risco de ser expulso pelo partido.

João da Costa está certo, o resto dos personagens está errado.

Não precisa dizer o por quê de João Paulo estar errado: induziu e instigou o PT a ficar contra o prefeito, criou e estimulou a cizânia, tudo em prol do projeto pessoal.

Humberto Costa está errado em dar ouvidos à João Paulo depois de ter discordado da candidatura de João da Costa em 2008 e ter apoiado a gestão deste quando JP abandonou. Maurício Rands está errado pelos mesmos motivos.

João da Costa está certo ao defender seu trabalho, iniciado na gestão de João Paulo; ao defender sua candidatura à reeleição, haja vista não ter sido apresentado um argumento convincente ou um projeto alternativo; e, ao criticar os seus adversários nessa disputa, não só pelo motivo anterior, mas também por causa da forma que o processo de prévias foi conduzido.

O PT está errado ao não saber de forma profunda como se desenrola a política em Recife e ao impor um nome diferente do escolhido e fora do procedimento de democracia interna.

João da Costa está sendo o político que não foi em três anos.

domingo, 27 de maio de 2012

Do silêncio se diz tudo

Recentemente conversei com um grande advogado, filiado a um partido sobre a situação política dos partidos e candidatos, com o qual chegamos a pontos em comum.

O PT entrou em um processo de destruição interna através de uma guerra em praça pública. João Paulo impôs o nome de João da Costa à cúpula do PT (Humberto Costa e Maurício Rands), indo até Lula, para garantir sua indicação. Conseguiu a indicação e elegeu o candidato. Quis continuar governando a cidade e bateu de frente com o Prefeito de direito. Abandonou o antigo aliado, que recebeu o apoio da cúpula pra continuar governando.
Em 2010, foi o candidato do PT que recebeu mais votos para deputado federal. Por algum motivo, por alguma lábia geniosa de João Paulo, conseguiu convencer Maurício Rands a lançar pré-candidatura contra o direito legítimo de João da Costa concorrer à  reeleição.
Achou que João da Costa ia desistir ou perder - venceu por uma diferença de pouco mais de 500 votos. O perdedor apelou à Executiva Nacional, que queria um candidato neutro - Humberto Costa seria o ideal, mas João Paulo ou um terceiro também seriam bons. Porém, para isto, precisava do apoio dos dois pré-candidatos que concorreram.
Tenho certeza que Maurício Rands apoiou a ideia - também tenho certeza que João da Costa bateu o pé. E então a Executiva Nacional decidiu marcar uma 2ª prévia.

João Paulo aplica o lema "dividir para reinar": está jogando o atual prefeito e seus aliados contra a cúpula com a intenção de que todos o procurem como solução de todos os problemas do PT. Só faltou combinar com a plateia. Até o presente momento, a maioria dos diretórios zonais e movimentos sociais estão apoiando o atual prefeito. Nessa guerra só quem perde é o PT.

Eduardo Campos agradece. Enquanto vai gerindo o Estado e preocupando-se com Brasília, fica calado sobre o discussão municipal - quer mais é que o PT perca poder para que o PSB reine (mais uma vez, dividir para reinar).

A oposição parece só estar esperando terminar essa confusão do PT pra sair da toca - talvez nem isso. Dos que podem concorrer, só Raul Henry parece estar mais avançado - ainda sem um vice, no entanto.

Enquanto a prévia no PT ainda permanecer indefinida, toda a eleição permanece indefinida.

Eduardo Campos, querendo ser pelo menos o vice de Dilma em 2014, se tornou quase uma unanimidade no Estado. Conseguiu reatar com Jarbas Vasconcelos, depois de 14 anos do rompimento deste com Miguel  Arraes, para chegar aos poucos próximo ao PMDB e não ter problemas quando pretender tomar a vice.

E nesse caminho até Brasília, existe a Copa das Confederações e do Mundo, que envolvem não só a Arena Pernambuco, mas também as obras de mobilidade e infra-estrutura.

Enquanto a eleição de Recife mantiver-se enrolada, também manter-se-á enrolada a eleição de 2014.

Enquanto isso, mantém-se o ditado: dividir para reinar; desunir para governar.